Nós
enviamos nossa
primeira lista
no fim dos
anos 80 –
naquele tempo
a Internet
era muito
ruim ?, então
tivemos que
procurar nomes
de colecionadores
em revistas
de clubes.
Conseguimos
juntar 300
nomes e finalmente
enviamos as
listas ficando
na expectativa
de receber
alguns pedidos.
Obviamente
a maioria
recebeu a
lista mas
ficou com
receio de
fazer pedidos
grandes, afinal
nunca haviam
ouvido falar
de dois brasileiros
vendendo conchas.
De qualquer
forma, recebemos
vários
pedidos –
e entre eles
um pedido
da Bunnie
Cook. Ela
recebeu nosso
pacote e ficou
muito satisfeita,
tanto que
fez vários
outros depois.
Em 1990 escrevemos
para ela e
dissemos que
iríamos
passar alguns
dias no Havaí
com nossa
família,
e que gostaríamos
muito de visitá-la.
Ela nos recebeu
com carinho
e ficamos
impressionados
com o tamanho
da coleção
deles; Ela
e o George
eram muito
ativos tanto
nas trocas
como nas coletas
então
suas conchas
eram muito
boas. Voltamos
ao Havaí
diversas vezes,
inclusive
tivemos a
oportunidade
de mergulhar
com o George
e os amigos
deles, Truddy
e Bill Ernst.
Eles viajaram
para vários
lugares para
coletar conchas,
American Samoa,
Antigua, Aruba,
Australia,
Bahamas, Barbuda,
Brunei, Costa
Rica (nos
dois lados),
French Polynesia,
Fiji, Florida,
Guam, todas
as ilhas do
Havaí,
Honduras,
Kosrae, Kwajalein,
Majuro, Malaysia,
Martinica,
Massachusetts,
México
(nos dois
lados), Nova
Caledônia,
Nova Zelândia,
North Marianas,
P.N.Guinea,
Palau, Panamá
(nos dois
lados), Pohnpei,
África
do Sul, Senegal,
Ilhas Salomão,
St. Croix,
Texas, Tonga,
Truk, Tuamotus,
Vanuatu, Ilhas
Virgens e
Samoa Ocidental.
Ela era muito
eficiente
nas coletas
– e
corajosa também
já
que mergulhava
muito à
noite. Mantinha
um diário
sobre suas
viagens em
pequenos blocos,
anotava as
espécies
que encontrava,
dados de coleta,
localidades
precisas,
etc. Ela e
o George tinham
uma paciência
de fazer inveja
a Jô
– cada
concha era
limpa cuidadosamente,
com seu opérculo
original mantido,
e uma etiqueta
para cada
exemplar do
lote. E não
pense que
ela mudou
suas etiquetas
escritas à
mão
quando os
computadores
vieram, ela
continuou
a fazê-las
da mesma forma!
Eles participaram
de diversas
convenções
da COA, a
última
foi no Alabama
em 2006. Embora
sua saúde
já
estivesse
precária
ela não
deixou de
apreciar seu
hobby. Veio
a falecer
em maio de
2008 e deixou
instruções
para que sua
coleção
fosse doada
para um museu
local.
Em março
de 2009 me
encontrei
no problema
de sempre,
onde conseguir
conchas para
oferecer aos
nossos clientes.
Eu ia usar
o método
científico
de jogar um
dardo no Atlas
quando olhei
para o Havaí
e lembrei
que lá
seria um bom
local para
comprar material
e viajar para
alguma ilha
do Pacífico
para fazer
coleta. Entrei
em contato
com alguns
comerciantes
e liguei para
o George para
saber se poderia
visitá-lo
– mesmo
sabendo que
a coleção
já
deveria estar
no museu.
Para minha
surpresa ele
me disse que
“tinha
algumas conchas
para vender
também”.
Pensei que
seriam sobras
que o museu
não
pôde
usar e disse
que poderia
dar uma olhada.
Ao chegar
lá
descobri que
a doação
não
havia dado
certo porque
o museu havia
pedido 25
mil dólares
para aceitar
a doação
(!) pois precisaria
pagar alguém
para preparar
e instalar
tudo em seu
acervo.
Eu não
fui preparado
psicologicamente
(e financeiramente)
para fazer
tal compra.
De qualquer
forma, expliquei
ao George
e sua filha
Janice que
haviam duas
opções,
eu poderia
selecionar
somente o
que me interessasse,
ou seja o
filé
mignon, pagaria
um preço
razoável
por cada peça;
ou faria uma
oferta pela
coleção
toda –
que seria
de valor bem
inferior ao
que tudo valia,
mas que eu
levaria anos
para vender
tudo. Eu sabia
que era uma
decisão
importante
e não
quis pressioná-los,
mas aparentemente
eles já
não
sabiam mais
o que fazer
com tantas
conchas e
acabaram aceitando
minha oferta.
Em minhas
outras visitas
nunca tive
tempo suficiente
para ver a
coleção
toda –
não
fazia idéia
do tamanho
e quantidade
de exemplares.
De forma a
preservar
a memória
da coleção
eu fotografei
gaveta por
gaveta. Foi
então
que percebi
que o trabalho
para embalar
tudo seria
gigantesco
– eu
não
podia simplesmente
jogar tudo
dentro de
sacos plástico
de qualquer
forma, correndo
o risco de
misturar todas
as etiquetas
e jogar fora
o trabalho
de tantos
anos. Tive
que ligar
para o José
vir me ajudar
a embalar
e ele veio
dois dias
depois.
Gastamos umas
8 horas por
dia durante
12 dias embalando
cada concha.
Mesmo assim
faltou muita
coisa e tivemos
que voltar
em duas semanas,
e ficamos
mais 15 dias!
Enquanto embalávamos
o material
percebemos
o quão
grande era
a paixão
por conchas
que eles tinham,
e o carinho
por cada exemplar
não
importando
quão
comum pudesse
ser. Bom,
mandamos mais
de 100 caixas
por correio
e 8 malas
cheias de
conchas. Durante
nosso trabalho
tanto o George
como a Janice
nos agradeceram
diversas vezes,
dizendo que
não
saberiam como
fazer o que
estávamos
fazendo de
forma tão
organizada
e rápida
caso não
tivéssemos
comprado a
coleção.
Algumas conchas
não
estavam muito
boas para
serem vendidas
e as doamos
para a Sociedade
Havaiana de
Malacologia,
juntamente
com 6 sacos
de lixo de
100 litros
cada cheios
de caixinhas
plástica.
Devo confessar
que fiquei
tentado a
levá-las
comigo, mas
dá
para imaginar
o espaço
e o peso que
ocupariam.
Pelo menos
acredito que
o clube fez
bom uso delas!
Ainda temos
milhares de
conchas para
olhar, de
algumas famílias
mal tiramos
poucos exemplares
para oferecer
em nossas
listas. Algumas
espécies
tem muitos
exemplares,
alguns com
pequenos defeitos
que estamos
separando
para o Museu
da USP –
ao menos o
desejo da
Bunnie será
cumprido em
parte...
Tenho certeza
de que seu
trabalho não
será
esquecido
já
que suas conchas
irão
parar em coleções
importantes
no mundo todo!
PS. Também
coloquei algumas
fotos de Honolulu,
do Aquário
de Waikiki
e da reunião
do clube que
participamos.