Femorale - +25 Years
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bob winters on 17/12/2009
Never donate a collection to a museum, let your heirs sell it. I've worked in major museums 50 years. The donated collections languish uncurated for decades, unavailable to the public. I believe Mrs. Cook would rather see her shells sold than hidden.

Rahiza Zulkifli on 17/11/2009
A wonderful article on an extraordinary collector. Feel sad that museums ask for money. They should have just been thankful to receive such a collection. Makes me think twice about donating mine.

pierre recourt on 29/10/2009
Nice to read this background story. After all I think she will be pleased that many dozens of collectors will enjoy her shells for decades, instead of put them away in drawers of an unthankful museum. Regards, Pierre

Tiziano Trazzi on 29/10/2009
Very nice story, but reading it I felt a little sad because roughfly it is a part of my personal story. Considering I'll be nearly over 70, I practically sawn my (I hope) long-lived future story.

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Coleção Cook
 

Nós enviamos nossa primeira lista no fim dos anos 80 – naquele tempo a Internet era muito ruim ?, então tivemos que procurar nomes de colecionadores em revistas de clubes. Conseguimos juntar 300 nomes e finalmente enviamos as listas ficando na expectativa de receber alguns pedidos. Obviamente a maioria recebeu a lista mas ficou com receio de fazer pedidos grandes, afinal nunca haviam ouvido falar de dois brasileiros vendendo conchas. De qualquer forma, recebemos vários pedidos – e entre eles um pedido da Bunnie Cook. Ela recebeu nosso pacote e ficou muito satisfeita, tanto que fez vários outros depois. Em 1990 escrevemos para ela e dissemos que iríamos passar alguns dias no Havaí com nossa família, e que gostaríamos muito de visitá-la. Ela nos recebeu com carinho e ficamos impressionados com o tamanho da coleção deles; Ela e o George eram muito ativos tanto nas trocas como nas coletas então suas conchas eram muito boas. Voltamos ao Havaí diversas vezes, inclusive tivemos a oportunidade de mergulhar com o George e os amigos deles, Truddy e Bill Ernst.

Eles viajaram para vários lugares para coletar conchas, American Samoa, Antigua, Aruba, Australia, Bahamas, Barbuda, Brunei, Costa Rica (nos dois lados), French Polynesia, Fiji, Florida, Guam, todas as ilhas do Havaí, Honduras, Kosrae, Kwajalein, Majuro, Malaysia, Martinica, Massachusetts, México (nos dois lados), Nova Caledônia, Nova Zelândia, North Marianas, P.N.Guinea, Palau, Panamá (nos dois lados), Pohnpei, África do Sul, Senegal, Ilhas Salomão, St. Croix, Texas, Tonga, Truk, Tuamotus, Vanuatu, Ilhas Virgens e Samoa Ocidental. Ela era muito eficiente nas coletas – e corajosa também já que mergulhava muito à noite. Mantinha um diário sobre suas viagens em pequenos blocos, anotava as espécies que encontrava, dados de coleta, localidades precisas, etc. Ela e o George tinham uma paciência de fazer inveja a Jô – cada concha era limpa cuidadosamente, com seu opérculo original mantido, e uma etiqueta para cada exemplar do lote. E não pense que ela mudou suas etiquetas escritas à mão quando os computadores vieram, ela continuou a fazê-las da mesma forma!

Eles participaram de diversas convenções da COA, a última foi no Alabama em 2006. Embora sua saúde já estivesse precária ela não deixou de apreciar seu hobby. Veio a falecer em maio de 2008 e deixou instruções para que sua coleção fosse doada para um museu local.

Em março de 2009 me encontrei no problema de sempre, onde conseguir conchas para oferecer aos nossos clientes. Eu ia usar o método científico de jogar um dardo no Atlas quando olhei para o Havaí e lembrei que lá seria um bom local para comprar material e viajar para alguma ilha do Pacífico para fazer coleta. Entrei em contato com alguns comerciantes e liguei para o George para saber se poderia visitá-lo – mesmo sabendo que a coleção já deveria estar no museu. Para minha surpresa ele me disse que “tinha algumas conchas para vender também”. Pensei que seriam sobras que o museu não pôde usar e disse que poderia dar uma olhada. Ao chegar lá descobri que a doação não havia dado certo porque o museu havia pedido 25 mil dólares para aceitar a doação (!) pois precisaria pagar alguém para preparar e instalar tudo em seu acervo.

Eu não fui preparado psicologicamente (e financeiramente) para fazer tal compra. De qualquer forma, expliquei ao George e sua filha Janice que haviam duas opções, eu poderia selecionar somente o que me interessasse, ou seja o filé mignon, pagaria um preço razoável por cada peça; ou faria uma oferta pela coleção toda – que seria de valor bem inferior ao que tudo valia, mas que eu levaria anos para vender tudo. Eu sabia que era uma decisão importante e não quis pressioná-los, mas aparentemente eles já não sabiam mais o que fazer com tantas conchas e acabaram aceitando minha oferta.

Em minhas outras visitas nunca tive tempo suficiente para ver a coleção toda – não fazia idéia do tamanho e quantidade de exemplares. De forma a preservar a memória da coleção eu fotografei gaveta por gaveta. Foi então que percebi que o trabalho para embalar tudo seria gigantesco – eu não podia simplesmente jogar tudo dentro de sacos plástico de qualquer forma, correndo o risco de misturar todas as etiquetas e jogar fora o trabalho de tantos anos. Tive que ligar para o José vir me ajudar a embalar e ele veio dois dias depois.

Gastamos umas 8 horas por dia durante 12 dias embalando cada concha. Mesmo assim faltou muita coisa e tivemos que voltar em duas semanas, e ficamos mais 15 dias! Enquanto embalávamos o material percebemos o quão grande era a paixão por conchas que eles tinham, e o carinho por cada exemplar não importando quão comum pudesse ser. Bom, mandamos mais de 100 caixas por correio e 8 malas cheias de conchas. Durante nosso trabalho tanto o George como a Janice nos agradeceram diversas vezes, dizendo que não saberiam como fazer o que estávamos fazendo de forma tão organizada e rápida caso não tivéssemos comprado a coleção.

Algumas conchas não estavam muito boas para serem vendidas e as doamos para a Sociedade Havaiana de Malacologia, juntamente com 6 sacos de lixo de 100 litros cada cheios de caixinhas plástica. Devo confessar que fiquei tentado a levá-las comigo, mas dá para imaginar o espaço e o peso que ocupariam. Pelo menos acredito que o clube fez bom uso delas!

Ainda temos milhares de conchas para olhar, de algumas famílias mal tiramos poucos exemplares para oferecer em nossas listas. Algumas espécies tem muitos exemplares, alguns com pequenos defeitos que estamos separando para o Museu da USP – ao menos o desejo da Bunnie será cumprido em parte...

Tenho certeza de que seu trabalho não será esquecido já que suas conchas irão parar em coleções importantes no mundo todo!

PS. Também coloquei algumas fotos de Honolulu, do Aquário de Waikiki e da reunião do clube que participamos.

 

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