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Lucia Vergara on 9/4/2010
Marcus, quase dá para viver essa aventura lendo este seu "diário". Gostei muito. Obrigada por dividir essas emoções com a gente. Lucia Vergara

Laurent Gorissen on 9/4/2010
Dear Marcus, I also like to read your story and see the pictures. One thing that is in particular an eye-opener for me is the "often hard shelling" in paradise... It is not easy to collect (specific species and good specimens of) shells.

eckart klein on 8/4/2010
Dear Marcus, I like to read your articles about your tours and have fun to see your photos. Just when you intends to write a book you should continue it. It's great to read your exprience by the sight of a shellcollector. Thankyou, regards, Eckart

martin ibarra on 8/4/2010
Very nice pictures and good trip telling! Hope you someday make some shell trip to Argentina. Regards!




Turks e Caicos by Marcus Coltro
 

Turks e Caicos são territorio britânico consistindo de dois grupos de ilhas subtropicais nas Índias Ocidentais no Caribe, ao norte da República Dominicana. As maiores ilhas são as Caicos e as menores as Turks, conhecidas pelo turismo e pelo centro financeiro “offshore”. A maior parte de seus 36 mil habitantes vive em Providenciales.

O vôo de Miami foi bem rápido, só uma hora e meia passando sobre locais de águas cristalinas no Caribe. Se tiver a oportunidade de viajar nesta região tente marcar seu assento em uma janela, a vista vale a pena!

Como sempre antes de viajar eu chequei as imagens das ilhas no Google Earth – mas neste caso eu não sabia que as fotos eram muito antigas, completamente defasadas. A região foi devastada em 2008 pelo furacão Ike, que destruiu completamente a ilha Grand Turk e causou enormes prejuízos nas outras ilhas. Depois disso as ilhas foram reconstruídas e novos hotéis construídos – como onde fiquei, Grace Bay Suites (www.gracebaysuites.com). Sua localização é excelente, próximo às praias paradisíacas, centros comerciais, restaurantes e um supermercado. A locadora de scooters também fica perto.

Depois de pegar a scooter programei o modo de dirigir à esquerda no meu cérebro e fui explorar o lado leste da ilha. Não comprei um mapa detalhado, pois pensei que poderia me virar bem com os mapas que costumam dar nos hotéis e revistas, como fiz em Nassau por exemplo. A ilha é bem pequena, uns 60 km de ponta a ponta – e não faria muita diferença se o mapa não mostrasse as ruas menores. Eu estava errado, os mapas gratuitos são muito estilizados, mais ou menos como se mostrassem São Paulo só com as vias expressas. Não foi muito ruim, mas eu me perdi umas duas ou três vezes (me conhecendo até que foi pouco).

Entrei em terrenos onde condomínios estavam sendo construídos para procurar por terrestres. Estacionei dentro de um dos lotes vazios e logo vi exemplares de Cerion mortos no chão. Eram enormes! Encontrei um caminho adentrando a mata e achei exemplares vivos, mais Hemitrochus e Helicinas. A parte leste da ilha é a mais povoada e as ruas e estradas não são tão ruins como do lado oeste. Já estava escurecendo então voltei ao hotel para planejar o dia seguinte.

O hotel era melhor do que imaginava quando fiz as reservas, principalmente comparando-se o preço com os outros da mesma área (alguns tem diária de mil e duzentos dólares!). Havia um minibar, microondas e até internet. Tudo bem que a internet não funcionava o tempo todo, mas pelo menos pude olhar o Google Maps para ver quais seriam os melhores lugares para coletar. Depois de tomar um banho e comer alguma coisa no restaurante em frente, fui até o supermercado para comprar comida para o café da manhã e água para levar na moto durante minhas explorações.

Levantei cedo na manhã seguinte e fui direto para o lado oeste. Peguei a estrada errada (pois é....) e acabei perto do aeroporto. Para não perder a viagem eu segui por uma estrada de areia até o alto de uma colina onde encontrei alguns terrestres, diferentes dos que havia encontrado no dia anterior.

Depois de encontrar o caminho certo segui a Millennium Highway (Highway só na cabeça deles, é uma estrada esburacada parcialmente pavimentada) onde entendi o motivo de tantas pessoas alugarem veículos off-road! Na parte sem asfalto a moto pulava tanto que os espelhos desrosquearam do guidão! Comecei dirigindo devagar, mas isso fazia sentir mais os buracos, então acelerei até uns 50 km e melhorou um pouco. Claro que se eu acertasse uma pedra ou buraco eu sairia voando.

Cheguei a uma bifurcação na estrada – vi alguns carros indo para a direita e o piso parecia um pouco melhor que a esquerda, então os segui. Eles estavam indo para o resort NorthWest Point – diárias a partir de 250.00 na baixa temporada até 700.00 – para alguns não era tão caro como explicarei depois. E depois do resort a estrada piorou... os únicos veículos que seguiam em frente eram quadriciclos. Mas eu dei um jeito e continuei o caminho até uma praia que parecia ser boa para fazer snorkel. Estacionei a moto atrás de alguns arbustos e cai na água. De fora parecia muito bom, água cristalina com partes escuras que deduzi serem corais e rochas. Mas era apenas alga e não encontrei nenhuma concha. Tenho certeza de que poderia encontrar muita coisa à noite, mas seria arriscado dirigir todo aquele caminho sozinho no meio da noite. Aliás, este é um problema em minhas viagens solo. Depois de mergulhar muito tempo à noite eu fico cansado e preciso de alguém para me manter acordado no caminho de volta. Continuei a estrada até um ponto onde não era mais possível passar pela areia.

Voltei então ao hotel, comi um sanduíche e tomei uma cerveja – incrível como tudo parece muito bom quando se está faminto! Conversei com o gerente que estava me atendendo e perguntei onde seriam os melhores lugares para mergulhar, que não fosse necessário sair de barco. Ele mencionou que o melhor seria a parte oeste próxima a um resort, uma praia no sul e o parque nacional próximo ao meu hotel. Tive que descartar o parque para evitar a tentação de coletar conchas junto com uma ficha criminal.

Chequei o mapa e a melhor opção então seria Cooper Jack Bay no sul. Era perto, mas outra vez a estrada só era pavimentada parcialmente, e a parte que não era estava era pior que a do dia anterior. De alguns pontos eu podia ver o mar e ilhotes cercados de pedras. Achei um local que havia sido terraplanado e entrei. Encontrei uma espécie de Cerion diminuta e outras conchas. Estacionei a moto em um local fora de vista da estrada e entrei na água nadando em direção a um ilhote a uns 400 metros da praia. Coletei algumas espécies no caminho e ao chegar à ilha subi com a esperança de encontrar uma população isolada de Cerion como aquelas que encontrei nas Bahamas, mas não achei nem exemplares mortos. A vista da ilha era fantástica e vi que seria possível dar a volta toda mergulhando já que o mar estava calmo. Encontrei Murex pomum, Fasciolaria tulipa e alguns Chitons na parte de trás da ilha, onde as ondas batiam com mais força. Encontrei também alguns exemplares grandes de Cittarium pica – mas felizmente eles estavam corroídos e furados por vermes. É, felizmente porque eu não estava a fim de limpar e carregar aqueles trecos! Na volta achei algumas Volvarinas embaixo de pedras no raso, o difícil foi coletá-las antes que fugissem – elas correm bastante!

Eu juro que pretendia voltar para mergulhar à noite – parecia ser o local ideal para achar Olivas e Marginellas. Contudo, depois que voltei ao hotel, almocei (às 5 da tarde) e tomei um banho quente, o meu entusiasmo não era o mesmo.

O próximo dia seria meu ultimo de coleta – mas aonde ir? Fui até a recepção do hotel para perguntar quando teria a internet de volta (estava sem funcionar havia algum tempo) e ao chegar lá aproveitei e perguntei se ele sabia onde fazer snorkel. Por sorte ele estava conversando com um mergulhador e ambos disseram que o melhor local era em frente ao resort Amanyara do lado oeste (é, eu teria que pegar novamente aquela estrada detonada e seguir pelo lado pior da bifurcação). Eles me disseram que seria ideal entrar pelo resort, mas que dificilmente eles deixariam. Carreguei a moto e dirigi até a bifurcação – se o lado que eu havia entrado antes era ruim, este era muito pior! E para piorar, eu vi uma estradinha à direita e achei que era para lá que eu deveria ir – não era. Eu percebi que estava errado quando o mato começou a aparecer no meio da estrada e pedras maiores também. E a estrada terminou na praia, mas não no lugar que eu queria. Nessas horas que torço para não furar um pneu ou a moto quebrar, já que não levo meu celular quando vou fazer snorkel. Eu estava completamente isolado em um local onde ninguém passa, se algo me acontecesse levaria horas para chegar a algum local para pedir ajuda.

Eu acabei encontrando o resort, e ao chegar lá usei meu lado ator para convencer o porteiro a me deixar entrar. Na hora que ele me viu com as nadadeiras presas na moto ele já adiantou que o acesso à praia era exclusivo para hóspedes, mas eu disse que só queria conhecer o lugar para uma futura estadia (hahaha). Ao chegar ao saguão de entrada uma funcionária veio me receber e disse que faria um tour comigo pelo hotel em poucos minutos. Perguntei se poderia tirar algumas fotos enquanto a esperava e ela deixou, contanto que não tirasse fotos onde os hóspedes estavam (eles costumam receber gente famosa). Passando pela piscina cinematográfica eu cheguei aos penhascos que beiram o mar. Neste dia estava ventando muito e o mar estava revolto. De lá eu vi a praia ao lado onde outra estrada terminava no mapa. A funcionária apareceu e eu disse que não poderia ficar muito tempo, pois teria que voltar ao meu resort (hahaha). Ela me levou para conhecer o restaurante e outras áreas do hotel, e depois para um dos quartos próximos que estava vago. O quarto ficava em um nível mais baixo que o caminho onde estávamos com o carrinho elétrico. Era um ambiente todo cercado de vidros onde se via uma cama de casal no meio. O banheiro ficava em uma área fechada na parte de trás. Eu perguntei se não era muito aberto e sem privacidade. Ela então apertou um botão que fez uma cortina fechar o quarto até ficar totalmente escuro. O preço? Na baixa temporada é só mil e duzentos dólares por dia. Mas pelo menos eles não cobram nada que você consumir no frigobar, nem as ligações telefônicas, viu só? Este era o mais simples. Se você quiser chamar uns amigos e ficar em uma Vila com 5 quartos e piscina particular, o preço é de 15 mil dólares por dia. Se quiser fazer suas reservas este é o site http://www.amanresorts.com/amanyara/resort.aspx . Lembra que eu disse que o outro resort não era tão caro por setecentos dólares por dia? Bem, alguns hóspedes do Amanyara reservam quartos neste outro resort para seus pilotos dos barcos ou jatinhos. Eu nem pedi para usar a praia – agradeci o tour e me dirigi para a outra estrada.

Eu disse estrada? Parecia um campo minado depois que explodiram as minas! Eu parei no topo do morro onde a estrada começava. Um carro estava fazendo manobra para voltar porque desistiu de descer aquele morro esburacado e cheio de pedras. Eu tomei fôlego e desci o barranco tomando cuidado para não cair nas pedras e sofrer um “peeling” corporal – chegando a salvo próximo da praia. Ali havia algumas famílias (que alugaram Land Rover) fazendo uma farofinha básica embaixo de um quiosque. Vi que alguns estavam com equipamento de snorkel e sabia que havia encontrado o local certo.

Afastei-me um pouco dos turistas para entrar na água – foi um pouco difícil já que não achei um local onde poderia entrar pela areia. Tive que escolher um lugar onde pularia as rochas entre as ondas. Mergulhei por quatro horas, e no fim estava exausto – não só pelo mergulho, mas porque o mar estava agitado como uma máquina de lavar roupas. Antes de sair desci mais uma vez e virei uma pedra – achei um raro Conus cardinalis! Estava morto, mas ainda muito bonito.

Empacotei as coisas e comecei a volta para o hotel, rezando para que a moto sobrevivesse o caminho. Ainda bem que levei meus óculos escuros para proteger meus olhos – ao escurecer os insetos eram atraídos pela luz da moto e se estatelavam no meu rosto e peito, alguns entravam no capacete e ficavam zunindo na minha orelha. Cheguei moído ao hotel e devolvi a moto, meu vôo seria no dia seguinte então fui dormir cedo.

Pela manhã fiz minhas malas e chamei um taxi para o aeroporto. Como cheguei cedo despachei a mala e fui checar a mata perto do estacionamento do aeroporto. Encontrei mais Cerion – só que depois de ficar de shorts e chinelos por vários dias não foi fácil ficar de calça comprida e sapatos – eu comecei a pingar de suor!

O vôo de volta para Miami foi ótimo e a vista fantástica – e fiz questão de sentar na janela novamente!

PS. Desta vez sai ileso sem acidentes com os ouriços.

 

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