Nova Zelândia
2006 por Marcus Coltro |
A Nova Zelândia ainda não
foi muito explorada em coletas de conchas, especialmente a Ilha
do Sul.
Então eu "me convidei" para visitar meu amigo
Andrew Grebneff em Dunedin para coletar conchas. O Andrew sempre
me disse que não haviam espécies suficientes em
sua área que compensasse uma viagem.
Bom, acho que ele mudou de idéia depois que Carlos Henckes
e eu coletamos tantas conchas lá!
No aeroporto de Auckland haviam
diversos avisos sobre a proibição de trazer frutas,
sementes, produtos animais e mesmo conchas para o país.
Esta foi minha terceira viagem para lá, então eu
sabia que era importante declarar as conchas que eu levava para
o Andrew - marinhas e algumas terrestres.
Depois que convenci os funcionários da alfândega
que a única espécie marinha na lista do CITES é
o Strombus gigas (que não caberia em uma pequena caixa
plástica como a que eu levava), eles decidiram que eu deveria
deixar 8 conchas terrestres para serem tratadas a fim de evitar
"contaminação".
Tentei argumentar que as peças estavam devidamente limpas
com cloro e que não havia restos de animal dentro, mas
eles confiscaram de qualquer forma. Andrew me disse que iria requisitar
as peças de volta assim que possível. Ou seja, ao
entrar na Nova Zelândia, declare as conchas!
A temperatura estava bem baixa,
e o inverno ainda não havia começado. Como congelar
na água não estava em nossos planos nós somente
fizemos coleta em maré baixa. A variedade de material coletado
era muito grande, especialmente de Trochidae e Patellidae/Acmaeidae/Fissurellidae.
Também conseguimos material de dragagem, como Chlamys delicatula,
dichroa, dieffenbachi, e alguns Buccinidae interessantes.
O Andrew nos levou para coletar
em algumas praias próximas a Dunedin - e para nossa sorte
a maré estava bem baixa, sem ninguém por perto -
assim poderíamos nos arrastar nas pedras e festejar quando
encontrássemos algo interessante sem que alguém
chamasse uma ambulância para nos levar a um manicômio.
O vento estava bem gelado, 9°C
pela manhã - e sentimos mais frio ainda pois saímos
de São Paulo onde a temperatura estava nos 30°C. Fomos
a uma praia com muitas pedras expostas pela maré, e havia
bastante espaço para podermos procurar por conchas sem
molhar os pés. Contudo, a maré subiu e ficamos ilhados
nas rochas, para sair tivemos que escalar as pedras - trabalho
complicado quando se está carregando agasalhos, material
de coleta, conchas e câmeras fotográficas. Não
seria nada agradável cair na água naquela temperatura.
Isso sem falar nas pedras vulcânicas muito afiadas - nos
cortamos nas mãos ao tentar se segurar nelas.
Em uma tarde o Andrew nos levou
para coletar conchas terrestres em uma floresta próxima
à cidade. Eu já mencionei que detesto coletar terrestres?
Por quê? Bom, quando se gasta horas no meio do mato para
conseguir 4 ou 5 conchas microscópicas, minúsculas,
sem graça (ok, chega de adjetivos) dá para entender
meu ponto de vista. Esta foi uma destas ocasiões, somente
encontramos algumas Charopidae (sem trocadilho de como estávamos
nos sentindo...) em baixo de pedaços de madeira apodrecidos,
e saímos antes que nossos dedos congelassem, e que sobrasse
sangue em nosso organismo não sugado pelos mosquitos.
Não apenas as coletas foram
ótimas, a vista era fantástica. Penhascos, praias
desertas e limpas, um lugar muito civilizado! Até cruzamos
com um rebanho de ovelhas no meio da estrada sendo guiado por
seu pastor!
No ultimo dia de nossa viagem visitamos
o Museu de Otago. Muito organizado, várias atividades interativas
(não havia uma placa de "Não Toque"),
assim crianças podem mexer em fósseis, corais, conchas
e outros animais. No setor de antropologia vimos diversos artefatos
feitos com conchas das ilhas Cook, que seria nossa próxima
parada na viagem. Mais um incentivo para nos entusiasmar com os
próximos dias!
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