Gary Fredrickson on 22/1/2009 | Marcus, As I write this we are having a bit of a heat wave. Got up to 27 degrees F. today. It's nice to be reminded that somewhere out there there are sand, sun and shells. |
Mark Chan on 29/9/2008 | Marcus, thank you for sharing the wonderful trip. Thanks again. |
Donald Moody on 8/5/2008 | Love the photos of Curacao -- always enjoy the telling of the story and the beautiful underwater photos. Thanks for taking me away from my office for a few moments! Very best wishes for an "urchinless" future!
Don Moody |
Tricia Cubbage on 4/5/2008 | Wonderful storytelling and amazing photos; May your heart grow stronger for all its sharing!! |
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Mais uma vez a bordo do Marina EM!
Depois de uma viagem de 3 horas de Miami, cheguei ao aeroporto
de Curaçao, peguei um taxi e encontrei Tony em um supermercado
próximo da baía Spaanse (Espanhol em holandês),
onde o veleiro estava ancorado. Desta vez a filha do Tony, Marina,
iria viajar conosco. Ela mora com a mãe na Nova Zelândia
e de vez em quando passa alguns meses com o Tony no veleiro.
Curaçao faz parte das Antilhas
Holandesas, juntamente com Aruba, Bonaire, Curaçao, Saba,
St. Martin e St. Eustatius. As língua oficiais são
Papiamento, Espanhol e Inglês, mas a maior parte da população
também fala Holandês já que a ilha recebe
muitos turistas da Holanda. Esta bagunça lingüística
é incomum para pessoas que falam uma ou duas línguas
no máximo. A sinalização nas ruas e os anúncios
são feitos em todas as línguas, dependendo por onde
passa. Papiamento é falado por todos e é uma mistura
de holandês, alguns dialetos africanos, espanhol e português.
Existem várias versões para o nome curaçao,
uma delas é que vem de curação, do verbo
curar em português (diferentemente do que muitos pensam,
não vem de Coração).
Depois de embarcarmos e guardas
os mantimentos, jantamos e conversamos um pouco sobre conchas
antes de dormir. Na manhã seguinte, deixamos a Marina no
veleiro e fomos de carro até a praia de Daaibooi, alguns
quilômetros de distância. A praia é bonita,
e alguns turistas já estavam lá aproveitando o lugar.
Colocamos nossa roupa de mergulho e os tanques e entramos. Encontrei
um par muito bonito de Cypraea acicularis, alguns Conus
regius, Trivia pediculus, Limas, e algumas outras conchas
pequenas. A água não era tão quente como
nas outras viagens – eu fiquei mal acostumado com a temperatura
no Panamá e na Colômbia, pelo menos o tempo estava
firme sem chuvas e não muito quente, o que ajudou na hora
de dormir no barco.
No dia seguinte, tentei mergulhar
na baía de Spaanse, mas a visibilidade não era boa,
e não haviam muitas conchas para compensar um mergulho
longo. O Tony sugeriu que eu mergulhasse na entrada da baía
onde a água era mais clara e limpa, e eu poderia mergulhar
no paredão. Realmente o local era muito bonito e encontrei
várias conchas, Vasum capitellum, Mitras, Chlamys ornata
e Lima scabra. Depois de arrumar as conchas no barco, fui com
o bote inflável em um ilhote perto para procurar Cerion
– encontrei vários e algum exemplares de Tudora mortos.
Desta vez tivemos que racionar o
uso da água, havia uma pessoa a mais e o equipamento de
dessalinização estava quebrado. Também não
havia nem sinal de chuva forte que poderia encher os reservatórios.
Poderíamos comprar água no posto de gasolina do
porto, mas eles cobram 200 dólares para encher os tanques.
O tony sabia de outro lugar – baía de Piscadera –
onde o valor seria menor, então levantamos âncora
e saímos de Spaanse.
No caminho dragamos entre 150-200
metros. O mar estava bem calmo, então a dose de Dramin
que tomei foi o suficiente... o fundo era de areia grossa, pegamos
algumas Marginellas mas nem sinal dos Conus que eu procurava (preferiria
um mar grosso, com melhores resultados na dragagem!)
A baía de Spaanse é
bem movimentada, cheia de barcos. Piscadera é menor, mas
tem serviços de docas para limpeza e reparos de barcos.
O Tony já havia marcado com eles para tirar o veleiro da
água, limpar e pintar o fundo, assim que minha viagem terminasse.
Assim que ele ancorou, fui de bote até a entrada da baía
para mergulhar. Encontrei algumas Fissurellas e outras espécies
que havia encontrado no dia anterior. O lugar é muito calmo,
nosso barco era o único ancorado ali. Para alguém
como eu que vive em uma cidade com 20 milhões de habitantes
na área metropolitana, dormir em silêncio e escuridão
total é uma bênção. Nas primeiras noites
eu cheguei a acordar sem saber onde eu estava!
Outro ponto forte desta viagem foi
a Internet. Pela primeira vez tivemos acesso banda larga via wi-fi
no barco, e funcionava quase 100% do tempo. Dessa forma pude me
comunicar com o José (e minha namorada Marina – ok,
tem muitas Marinas nesta história...) todos os dias. A
Marina (a filha do Tony, só pra esclarecer) também
estava feliz, pois poderia assistir vídeos pela internet
– claro que não estamos falando de internet super
rápida, ela levava meia hora para fazer download de pequenos
filmes.
Na manhã seguinte fomos a
baía St. Michiel, próxima de Piscadera. O lugar
era bonito, com água clara e fresca já que ficamos
do lado de fora da baía. Meu primeiro mergulho foi próximo
do costão onde a água era verde clara. Eu sei que
muitos pensam que água desta cor é boa para mergulhar,
mas geralmente é leitosa, então me afastei em direção
ao fundo. Achei mais alguns Vasum, Vexillum, Mitras e bivalves.
Quando voltei ao barco, o Tony sugeriu que eu mergulhasse em baixo
de uma bóia grande próximo da entrada da baía.
Ele me levou de bote até lá – UAU! Que lugar
fantástico! A visibilidade era excelente! Achei algumas
conchas grudadas em baixo da bóia e mergulhei até
o ponto onde ela era presa a uma corrente enorme. Esta corrente
estava presa a outra a uns 20 metros de profundidade, e esta a
uma caixa do tamanho de um container. Estas últimas eram
muito grossas, cada elo tinha uns 60 cm totalmente coberto de
coral e outros animais. O lugar parecia um aquário! Como
este era meu segundo mergulho consecutivo, eu já estava
meio congelando e cansado. Iríamos passar a noite em Piscadera
para encher os tanques de água pela manhã, então
voltamos.
Enquanto os tanques estavam sendo
cheios na manhã seguinte, ajudei o Tony com o banco de
dados das conchas e outros programas de computador. Assim que
os tanques foram completados, voltamos a St. Michiel. Coloquei
duas roupas de mergulho (finas...) e desci pela escada da popa
direto ao mar. Haviam muitas pedras para poder procurar conchas,
onde encontrei Conus ermineus, Conus regius, Pinna carnea, Chlamys
sentis, Lima scabra, Turris, alguns Buccinidae e mais bivalves.
O local era cheio de vida, e eu não pude resistir mergulhar
mais fundo. Fui a 35 metros e a visibilidade continuava muito
boa, parecia que eu estava voando! Até então não
havia visto muitos ouriços – ainda tenho péssimas
lembranças de meu acidente na Colômbia. Vi, contudo, muitos peixes
pedra – muito bem escondidos com suas camuflagens naturais.
Embora sejam extremamente venenosos, não representam nenhum
perigo para mergulhadores cautelosos (sem gozação,
por favor...). Voltamos para Piscadera para passar a noite e no
dia seguinte iríamos para baía de Fuik, ao sul de
Spaanse.
Novamente dragamos no caminho, mas
não encontramos muitas conchas, além de quase ter
perdido outra draga que ficou presa no fundo. A baía de
Fuik é longa, tendo apenas uma faixa estreita de terra
separando do mar aberto. Não há muita corrente dentro
da baía, então a água é bem turva
– pelo menos é mais quente que St. Michiel. Fui ao
fundo (12 metros) e encontrei alguns Strombus pugilis, nada mais
– novamente mergulho Braille! Fui para a parte mais rasa
próxima da faixa que separa a baía do mar, achei
diversas conchas, inclusive Strombus gigas – que obviamente
não coletei. O mergulho estava razoável, mas...
meus inimigos estavam lá, às centenas: ouriços!
Me senti mergulhando em um campo minado – inflei um pouco
meu colete de forma que não encostasse no fundo. Tomei
o máximo de cuidado possível para não me
ferir novamente, me movendo quase em câmera lenta. Cheguei
à entrada da baía ileso e comecei a voltar. Estando
cansado – e com frio após tanto tempo dentro da água,
perdi a concentração e ao abanar a areia com minha
mão acertei em cheio um ouriço! O barulho de vidro
quebrado, somado à dor forte me fez gritar em baixo da
água (palavrões em português não seriam
entendidos pelos peixes locais de qualquer forma). Olhei para
minha luva e vi diversos espinhos saindo dos meus dedos. Devagar
removi a luva, mas a cada movimento os @#%#$ espinhos quebravam
e entravam mais fundo. Consegui tirar alguns ali mesmo e voltei
ao barco. Felizmente a maior parte só arranhou minha pele
ou entrou na superfície, mas alguns entraram fundo, inclusive
nas juntas dos dedos. Infelizmente não posso mergulhar
com luvas grossas pois perderia o tato e a sensibilidade necessários
para pegar conchas pequenas. Bem, acho que terei que aumentar
a dosagem de meu remédio para déficit de atenção
da próxima vez!
Depois de um bom jantar e uma boa
noite de sono, fomos na manhã seguinte procurar terrestres.
Achamos vários Cerion, alguns Drymaeus multilineatus mortos,
Neritas, Littorinas e Planaxis. O Tony voltou para o barco e a
Marina e eu fomos até a outra margem da baía. Lá
encontramos os mesmos Cerion, e também vários Drymaeus
vivos! Eles estavam firmemente grudados nos galhos de algumas
árvores – logicamente aquelas com vários espinhos
e de difícil acesso! Depois de encontrarmos algumas conchas,
e de muitos arranhões e picadas de mosquitos, voltamos
ao barco.
Minha viagem já estava terminando,
assim voltamos para Spaanse de onde eu pegaria um táxi
para o aeroporto no dia seguinte. Aproveitei para fazer meu último
mergulho na entrada da baía novamente, mas desta vez fui
mais distante. Encontrei bastante coisa – mais que nos outros
dias – e o lugar era de perder o fôlego (sem trocadilho).
De repente um cardume enorme de peixes azuis começou a
me cercar, formando figuras (quase perguntei onde estava o Nemo).
Haviam muitos outros peixes coloridos, vários deles começaram
a me irritar pois a cada pedra que eu virava eles vinham feito
piranhas tentar comer qualquer coisa que se mexesse.
Naquela tarde empacotei todo o material
que encontrei e coloquei meu equipamento de mergulho para secar
– por sorte ventava bastante e estava quente, tudo estava
completamente seco depois de algumas horas.
Eu fui até a marina (não
a filha do Tony, nem seu barco nem minha namorada) para reservar
um táxi para a manhã seguinte. Cheguei ao aeroporto
várias horas antes do meu vôo – pelo menos
eu poderia comprar alguma coisa nas lojas. Como sempre não
tive tempo de fazer turismo pela ilha, assim pude comprar lembrancinhas
para minha filha, sobrinha e namorada...
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