Tinha que passar 
                        novamente por 
                        Miami por alguns 
                        dias então 
                        resolvi esticar 
                        a viagem gastando 
                        somente mais 
                        100 dólares 
                        para ir às 
                        Bahamas. As ilhas 
                        tem uma fauna 
                        fantástica 
                        de Cerionidae, 
                        e a melhor localidade 
                        seria New Providence 
                        (onde fica a 
                        capital, Nassau) 
                        de acordo com 
                        o site de Cerionidae 
                        do Smithsonian 
                        Museum, um trabalha 
                        fantástico 
                        compilado por 
                        Dr. Jerry Harasewych, 
                        (http://invertebrates.si.edu/cerion/). 
                        Lá poderia 
                        encontrar quase 
                        100 espécies 
                        de Cerion, a 
                        maior parte descrita 
                        por Maynard no 
                        fim do século 
                        19 e começo 
                        do 20.
                     Na viagem anterior 
                        às Bahamas 
                        em 2005 encontrei 
                        quase 30 espécies 
                        nas ilhas Exumas 
                        e Eleuthera (http://www.femorale.com/articles/bahamas/2005/?id=7), 
                        então 
                        estava ansioso 
                        para ver o que 
                        encontraria em 
                        New Providence.
                     Fiz a reserva 
                        no site da American 
                        Airlines, para 
                        isso eu digitei 
                        Nassau Bahamas 
                        para ver as opções 
                        de horários 
                        e dias disponíveis. 
                        Vi a que melhor 
                        encaixava no 
                        meu plano de 
                        viagem e repassei 
                        ao meu agente 
                        de viagens, Sidney 
                        Gigliotti (Bigben 
                        Turismo http://bigbenturismo.com.br 
                        ). Seria uma 
                        viagem rápida, 
                        somente dois 
                        dias e meio, 
                        chegando à 
                        uma da tarde 
                        em uma quarta-feira 
                        e voltando para 
                        Miami no sábado 
                        na hora do almoço. 
                        O próximo 
                        passo foi reservar 
                        o hotel – 
                        fiz diretamente 
                        no site da American 
                        Airlines, , Sandyport 
                        Beaches Resort 
                        em Nassau (http://www.sandyport.com/) 
                        por US$95.00/dia. 
                        O hotel é 
                        bem localizado, 
                        no meio do norte 
                        da ilha, o que 
                        facilitaria minha 
                        locomoção 
                        para qualquer 
                        lugar que fosse. 
                        O trânsito 
                        nas Bahamas é 
                        o de mão 
                        inglesa, portanto 
                        eu não 
                        me atreveria 
                        a alugar um carro... 
                        preferi alugar 
                        uma scooter como 
                        fiz nas Ilhas 
                        Cook (http://www.femorale.com/articles/cooks/rarotonga/?id=4).
                     Tudo pronto e 
                        confirmado, cheguei 
                        no balcão 
                        da American Airlines 
                        em Miami e a 
                        atendente me 
                        perguntou:
                     - 
                        Para onde?
                        - Bahamas
                        - Nassau?
                        - Sim
                     Ela olhou o computador 
                        e meus documentos 
                        e disse:
                     - 
                        Não, aqui 
                        diz Freeport...
                        - Sua reserva 
                        é para 
                        Freeport, não 
                        Nassau 
                        - Como ?!?!? 
                     
                     Droga! Quando 
                        eu passei os 
                        vôos para 
                        o Sidney eu não 
                        percebi que o 
                        site da American 
                        havia me dado 
                        mais opções 
                        do que eu queria, 
                        inclusive com 
                        vôos para 
                        outras ilhas 
                        das Bahamas! 
                        Por sorte o vôo 
                        era curto, apenas 
                        35 minutos e 
                        assim que cheguei 
                        em Freeport eu 
                        comprei uma passagem 
                        para Nassau (70 
                        dolares) e só 
                        tive que esperar 
                        uma hora para 
                        embarcar. Ao 
                        chegar em Nassau 
                        um taxista me 
                        levou ao hotel 
                        e aproveitei 
                        para marcar com 
                        ele para que 
                        me buscasse no 
                        sábado 
                        bem cedo para 
                        minha volta. 
                        Ele me deu seu 
                        cartão 
                        para que eu ligasse 
                        confirmando na 
                        sexta-feira à 
                        noite.
                        
                     O hotel era muito 
                        bom, perto de 
                        uma praia com 
                        areias brancas 
                        e águas 
                        transparentes. 
                        O atendente me 
                        ajudou a alugar 
                        o scooter (não 
                        foi muito barato, 
                        50 dólares 
                        por dia) e o 
                        trouxeram em 
                        poucos minutos. 
                        Depois de me 
                        acostumar um 
                        pouco com a motoca 
                        e com o lado 
                        errado para dirigir 
                        (bom, certo para 
                        eles...) eu fui 
                        dar uma volta 
                        para conhecer 
                        a região. 
                        Com certeza a 
                        ilha é 
                        um “pouco” 
                        mais povoada 
                        e civilizada 
                        do que quando 
                        Maynard conseguiu 
                        os exemplares 
                        que descreveu... 
                        não achei 
                        nenhum lugar 
                        que fosse possível 
                        encontrar algum 
                        terrestre. De 
                        qualquer forma 
                        teria dois dias 
                        inteiros para 
                        explorar a ilha. 
                        Voltei ao hotel 
                        para aproveitar 
                        o resto de sol 
                        para fazer um 
                        snorkel. A água 
                        estava morna 
                        e limpa, contudo 
                        sem a fauna que 
                        encontrei nas 
                        outras ilhas 
                        em minha viagem 
                        anterior. Meu 
                        objetivo era 
                        encontrar conchas 
                        terrestres, mas 
                        admito que esperava 
                        achar mais conchas 
                        marinhas do que 
                        um punhado de 
                        Columbellas...
                     Depois de uma 
                        boa noite de 
                        sono, levantei 
                        e dirigi para 
                        o lado leste 
                        da ilha. Passei 
                        pelo centro da 
                        cidade, tomando 
                        cuidado para 
                        não atropelar 
                        ninguém 
                        ou dar de frente 
                        com os carros 
                        vindo na outra 
                        direção. 
                        Eu parei em diversos 
                        locais onde parecia 
                        ser possível 
                        encontrar alguma 
                        mata nativa. 
                        No primeiro lugar 
                        não achei 
                        nem sinal de 
                        Cerion, apenas 
                        exemplares mortos 
                        de Zachrysia 
                        e Hemithrochus 
                        varians. Um pouco 
                        mais à 
                        frente encontrei 
                        os primeiros 
                        exemplares de 
                        Cerion mortos, 
                        próximos 
                        a um terreno 
                        baldio em uma 
                        área onde 
                        casas estavam 
                        sendo construídas. 
                        Após quatro 
                        horas voltei 
                        ao hotel para 
                        comer um lanche 
                        (e tomar uma 
                        cervejinha gelada...) 
                        em seguida zarpei 
                        para Coral Harbour 
                        no sul. Embora 
                        menos povoado 
                        que a parte leste 
                        eu não 
                        encontrei nenhuma 
                        terrestre. O 
                        que havia por 
                        todos os lados 
                        era lixo, uma 
                        quantidade enorme. 
                        Não entendo 
                        como é 
                        possível 
                        um lugar cheio 
                        de potencial 
                        para turismo 
                        ter lixo em toda 
                        parte. Em alguns 
                        lugares parecia 
                        que as pessoas 
                        procuravam por 
                        locais menos 
                        sujos para colocar 
                        ali o seu lixo!
                     De lá 
                        fui em direção 
                        a OId Fort Bay, 
                        mas tentei pegar 
                        estradas não 
                        muito movimentadas 
                        para que fosse 
                        possível 
                        encontrar locais 
                        apropriados para 
                        terrestres. Entrei 
                        em uma estrada 
                        que estava sendo 
                        construída 
                        – ainda 
                        sem asfalto. 
                        Estava quente, 
                        a estrada era 
                        poeirenta e o 
                        solo era esbranquiçado 
                        pela areia e 
                        coral moído, 
                        fazendo o calor 
                        refletir e esquentar 
                        ainda mais. Nessa 
                        hora eu desejei 
                        que o fabricante 
                        da Scooter tivesse 
                        colocado um refrigerador 
                        no compartimento 
                        embaixo do assento 
                        para guardar 
                        bebidas! Eu até 
                        levava água 
                        gelada ao sair 
                        do hotel, mas 
                        após rodas 
                        por horas eu 
                        acabava tomando 
                        água quente...
                     Voltei ao hotel 
                        e fui fazer outra 
                        vez snorkel – 
                        mas desta vez 
                        achei melhor 
                        não levar 
                        tanta tranqueira 
                        comigo, deixei 
                        minha pequena 
                        draga de mão, 
                        a câmera 
                        fotográfica 
                        e minha chave 
                        de fenda (que 
                        uso para remover 
                        patelas e outras 
                        conchas das pedras). 
                        Eu até 
                        que encontrei 
                        mais espécies 
                        que antes, e 
                        achei um Chiton 
                        enorme e muito 
                        bonito! Meu companheiro 
                        de viagem, o 
                        Murphy (que escreveu 
                        a Lei dele) estava 
                        comigo. Aí 
                        percebi que havia 
                        deixado a chave 
                        de fenda no quarto, 
                        não tinha 
                        como tirar o 
                        Chiton da pedra! 
                        Procurei dentre 
                        o lixo que estava 
                        boiando perto 
                        alguma coisa 
                        para tirá-lo 
                        da pedra, mas 
                        nada. Então 
                        lembrei que o 
                        cartão 
                        que abre o quarto 
                        estava comigo 
                        e o usei com 
                        sucesso para 
                        tirar o bicho 
                        da pedra. Estragou 
                        um pouco a beirada 
                        do Chiton – 
                        e digamos que 
                        a chave não 
                        funcionou mais 
                        como antes, não 
                        sei por quê...
                     Na manhã 
                        seguinte dirigi 
                        até South 
                        Beach – 
                        bem diferente 
                        do lugar com 
                        o mesmo nome 
                        na Flórida. 
                        No caminho vi 
                        ao menos três 
                        cachorros mortos 
                        na estrada, um 
                        deles havia dissolvido 
                        no asfalto. A 
                        maré estava 
                        baixa e estacionei 
                        a moto perto 
                        da praia sob 
                        algumas árvores 
                        (e no meio do 
                        lixo, claro). 
                        Encontrei Battilaria 
                        minima, Natica 
                        e algumas bivalves. 
                        Voltei para a 
                        estrada e fui 
                        até o 
                        fim dela, onde 
                        parecia um depósito 
                        de lixo (ok, 
                        o lugar todo 
                        parecia). Embora 
                        eu não 
                        houvesse alugado 
                        uma moto off-road 
                        eu me embrenhei 
                        no meio do lixão, 
                        haviam diversos 
                        caminhos e dirigi 
                        até um 
                        ponto onde havia 
                        menos lixo e 
                        mais vegetação. 
                        Finalmente fui 
                        recompensado 
                        pela minha persistência: 
                        encontrei diversos 
                        Cerion, inclusive 
                        exemplares vivos! 
                        Eles estavam 
                        sob a folhagem 
                        no chão, 
                        juntamente com 
                        Opisthosiphon 
                        bahamiense que 
                        havia coletado 
                        mortos em outros 
                        lugares. Eles 
                        preferem ficar 
                        sob a vegetação 
                        úmida 
                        no pé 
                        das árvores, 
                        o único 
                        lugar onde não 
                        seriam fritos 
                        pelo forte sol.
                        
                     Era hora do almoço, 
                        então 
                        comecei a voltar 
                        ao hotel – 
                        no caminho parei 
                        em um restaurante 
                        com comida típica, 
                        Subway. Tinha 
                        que tentar coletar 
                        mais Cerion, 
                        mas onde? Tentei 
                        entrar em todas 
                        ruas no caminho, 
                        mesmo dentro 
                        de áreas 
                        residenciais 
                        onde só 
                        haviam mansões. 
                        Aliás, 
                        acho que New 
                        Providence é 
                        o local onde 
                        vi mais mansões 
                        no caribe todo. 
                        A maior parte 
                        é usada 
                        como casa de 
                        férias, 
                        ou estão 
                        à venda 
                        ou para alugar. 
                        Achei um terreno 
                        baldio no meio 
                        de uma rua e 
                        encontrei alguns 
                        Cerion mortos, 
                        quase fósseis. 
                        Atrás 
                        das casas havia 
                        uma floresta 
                        densa, e neste 
                        terreno achei 
                        uma pequena passagem 
                        que parecia dar 
                        na mata. A passagem 
                        estava coberta 
                        de (adivinhe?) 
                        lixo, mas consegui 
                        passar assim 
                        mesmo. Não 
                        sou um grande 
                        fã de 
                        entrar em mata 
                        cerrada, mas 
                        tinha que tentar 
                        encontrar mais 
                        conchas. Ao passar 
                        pelo lixo achei 
                        o que parecia 
                        ser um caminho 
                        coberto de pedaços 
                        de coral, como 
                        se tivessem sido 
                        dispostos em 
                        uma calçada. 
                        Encontrei mais 
                        Zachrysia e Opisthosiphon, 
                        entre aranhas 
                        e uma pequena 
                        cobra… 
                        Aí percebi 
                        que o caminho 
                        era parte de 
                        um muro que desabou. 
                        Não sou 
                        arqueólogo, 
                        mas pelo aspecto 
                        parecia que aquilo 
                        havia sido construído 
                        pelo menos há 
                        uns 200 anos! 
                        Como não 
                        encontrei ali 
                        dobrões 
                        de ouro nem uma 
                        arca de tesouro 
                        eu voltei para 
                        o hotel.
                     Naquela noite 
                        eu liguei para 
                        o taxista para 
                        confirmar o dia 
                        seguinte, pedi 
                        que estivesse 
                        no hotel às 
                        6:45h da manhã. 
                        O vôo para 
                        Freeport seria 
                        às 8:00h 
                        e para Miami 
                        ao meio-dia, 
                        então 
                        eu teria tempo 
                        de folga antes 
                        de ambos. Só 
                        não poderia 
                        perder nenhum 
                        destes vôos 
                        ou estaria com 
                        problemas para 
                        chegar à 
                        tempo para voltar 
                        ao Brasil à 
                        noite. Levantei 
                        bem cedo, e fiquei 
                        esperando o taxi. 
                        Passaram-se cinco 
                        minutos do tempo 
                        marcado, dez, 
                        quinze... aí 
                        eu liguei do 
                        meu celular e 
                        o taxista atendeu 
                        com voz de sono: 
                        “não 
                        se preocupe, 
                        eu chego aí 
                        rápido 
                        e se você 
                        chegar meia hora 
                        antes do vôo 
                        pode embarcar”. 
                        Relutantemente 
                        aceitei e continuei 
                        esperando na 
                        estrada em frente 
                        ao hotel. Minha 
                        cara de desespero 
                        devia ser tão 
                        grande que uma 
                        senhora parou 
                        seu carro e perguntou 
                        se eu precisava 
                        de carona! Explique 
                        que teria que 
                        chegar ao aeroporto 
                        para não 
                        perder o avião. 
                        Ela gentilmente 
                        me levou e chegamos 
                        em tempo para 
                        que eu pudesse 
                        fazer o check-in. 
                        Em tempo? O avião 
                        estava atrasado 
                        em uma hora! 
                        Depois em duas 
                        horas, e finalmente 
                        após três 
                        horas levantamos 
                        vôo. Eu 
                        iria perder o 
                        vôo para 
                        Miami de Freeport, 
                        então 
                        pedi à 
                        aeromoça 
                        que falasse com 
                        o capitão 
                        para que ele 
                        passasse um rádio 
                        à torre 
                        de comando na 
                        esperança 
                        de que a American 
                        esperasse 10 
                        minutinhos a 
                        mais (até 
                        parece...). Quando 
                        cheguei em Freeport 
                        o vôo já 
                        estava fechado, 
                        perdi o avião!
                     Felizmente havia 
                        outro vôo, 
                        às 5 da 
                        tarde. Eu teria 
                        quase 4 horas 
                        antes de embarcar, 
                        então 
                        dei uma volta 
                        perto do aeroporto 
                        para procurar 
                        mais Cerion – 
                        nada... Digamos 
                        que o aeroporto 
                        de Freeport não 
                        tem infraestrutura 
                        como o de Dallas 
                        ou Nova Iorque 
                        por exemplo. 
                        UMA loja de lembranças, 
                        UMA com revistas 
                        e UMA lanchonete. 
                        Fiquei entediado 
                        esperando o embarque, 
                        devo ter jogado 
                        algumas centenas 
                        de vezes Paciência 
                        no meu celular. 
                        Um pouco antes 
                        das 5 horas notei 
                        que não 
                        tinha nenhum 
                        avião 
                        da American na 
                        pista. Adivinhe? 
                        Estava atrasado! 
                        Uma hora… 
                        duas horas… 
                        três horas 
                        de novo! Eu iria 
                        perder o vôo 
                        para São 
                        Paulo, até 
                        poderia dar tempo 
                        mas eu decidi 
                        ligar para a 
                        American e remarcar 
                        para o dia seguinte, 
                        não estava 
                        a fim de passar 
                        nervoso novamente. 
                        Ainda bem que 
                        fiz isso, quando 
                        chegamos em Miami 
                        já era 
                        tarde para embarcar 
                        de qualquer forma.
                     Peguei um taxi 
                        e fui para a 
                        casa de meu irmão 
                        Marcello em Miami. 
                        Chegando lá 
                        tomei uma ducha, 
                        jantei, bebi 
                        vinho, assisti 
                        TV e tive uma 
                        ótima 
                        noite de sono. 
                        Falei com o Marcello 
                        e ele me deu 
                        um voucher para 
                        fazer upgrade 
                        na American Airlines, 
                        assim pude voltar 
                        descansado para 
                        São Paulo 
                        em classe executiva!