Femorale - +25 Years
Available shells
Photo gallery
Sally Kaicher Cards
Peggy Williams Cards
 
Matt Blaine on 16/3/2009
Glad that you made it back Marcus. Matt




St. Vincent e Grenadines por Marcus Coltro
 


ver apresentação »
Depois de vários anos viajando com Tony McCleery, tendo fantásticas aventuras em locais exóticos, ele me informou de sua decisão de vender seu veleiro. Então me convidou para viajar uma última vez para Granada e velejar até St. Vincent e Granadinas no Caribe. Seria uma jornada de 13 dias no veleiro Marina Em, parando em várias ilhas no caminho.

Saí de São Paulo e passei por Miami para visitar meu irmão Marcello por alguns dias. No dia de minha saída para Granada levantei cedo e fui para o aeroporto. Chegando lá tive uma notícia desagradável:

- Onde está seu visto para Granada?
- Que visto?!?!?
- Bem, se você não tem visto não pode viajar, não lhe avisaram ao embarcar em São Paulo?

Aparentemente, American Airlines se esqueceu de me avisar deste "pequeno" detalhe. Então voltei para a casa do Marcello e procurei na internet como conseguir este @#%#@$ visto. Eles têm representação em Miami (não exatamente um Consulado), e cobram 100 dólares pelo visto - o problema é que pedem vários dias para aprová-lo!

Tive que mudar meus planos, então liguei para a American Airlines para mudar o vôo para San Juan em Porto Rico onde eu pegaria outro vôo da Liat Airlines para St. Vincent. A American quis me cobrar uma taxa de 170 dólares para efetuar a mudança da passagem - então educadamente pedi para falar com o supervisor e disse que só pagaria quando o inferno congelasse - afinal, a culpa da minha viagem ter dado errada foi deles. Não paguei nada e marquei o vôo para alguns dias depois.

Liguei para o Tony - desta vez ele estava com um celular no barco - e expliquei a mudança dos planos. Ele ficou desapontado já que havia planejado toda a viagem para mim. Ele teve que velejar de Granada para St. Vincent para me encontrar lá. Seria uma viagem longa e o mar estava bem revolto, mas ele chegou a tempo.

Enquanto isso tive que encontrar algo para fazer com os dias livres que antecediam meu vôo. Lembrei que meu amigo Randy Allamand havia me convidado para visitá-lo em Sebring na região central da Flórida. Marquei a visita e dirigi até sua casa na manhã seguinte (3 longas horas em uma estrada tediosa...). Pelo menos pude trocar muita coisa interessante com ele.


ver apresentação »
Na terça de manhã saí de Miami para San Juan, e de lá peguei outro vôo para St. Vincent. Teria que pegar um ferry-boat para encontrar com o Tony em Bequia (uma hora de viagem), contudo o próximo ferry somente sairia no dia seguinte. Então passei a noite em St. Vincent em um pequeno hotel chamado Crystal Heights, pertencente à Sra. Virginia Phillips. Ela foi bem gentil, inclusive me recebeu com um sanduíche de atum e uma cerveja! Ainda bem, não havia absolutamente nada por perto para comer....

Cheguei ao ferry bem cedo e em Bequia às 8:45h. O Tony estava me esperando no cais, de lá fomos até as autoridades para incluir meu nome na relação de passageiros do veleiro, e fomos comprar mantimentos para a viagem, pão, enlatados, álcool para as conchas (e para nós também, o estoque de cerveja do Tony estava no fim...).

Embarcamos e assim que me instalei fui mergulhar. Encontrei diversas conchas como Cyphoma gibbosum, Astraea tecta, Coralliophila abbreviate e caribbea, Vasum capitellum e alguns Conus jaspideus. À tarde planejamos o itinerário da viagem juntos - depois do meu problema com a passagem tudo teve que mudar. Colocamos a conversa em dia, ele também me explicou os motivos da venda do veleiro. Ele já havia mais ou menos me colocado a par no ano passado - e para fechar sua decisão ele teve uma péssima experiência em novembro passado. Enquanto estava na Venezuela seu barco foi invadido por piratas! Teve suas mãos amarradas e os olhos vendados - o tempo todo com uma arma apontada para sua garganta. Roubaram todos os computadores, máquinas fotográficas e vários objetos que encontraram pelo barco. Felizmente não queriam chamar a atenção dos barcos ancorados perto, então não o agrediram nem dispararam a arma. Para a sorte do Tony eles também não eram muito espertos - não conseguiram entender para que servia o microscópio e nem perceberam que havia uma máquina fotográfica presa nele - o conjunto custa mais que tudo o que levaram!

O local onde ancoramos - Admiralty's Bay - era bonito, mas balançava um pouco. Eu havia me preparado com Dramin nos dias anteriores então não tive problemas. De lá navegamos para Ilha Quatre e no caminho dragamos e encontramos algumas conchas interessantes.

Há vários anos o Tony encontrou diversos Conus cedonulli em Quatre - e esta concha era um de meus motivos para mergulhar nesta região. Todos os colecionadores que conversei me disseram que teria que mergulhar à noite e pelo menos a 20 metros de profundidade. O Tony não poderia me acompanhar, pois estava ocupado no barco, sem contar que aos 75 anos não teria pique para mergulhar todos os dias.
Não estou habituado a mergulhar em profundidades maiores que 20 metros, então fiz questão de mergulhar durante o dia para ver como seria o local antes de mergulhar à noite.

À noite me preparei para o mergulho solo - o Tony criou um sistema de segurança que apreciei bastante: colocou uma corda com 200 metros dentro de um balde de onde poderia ser puxada com facilidade. Desci com a corda em meu pulso e fui até o fim. Lá deixei a corda e voltei em zig zag à sua volta para cobrir uma área maior. Não encontrei quase nada a 20 metros, somente algumas Pyramidella dolabrata (deveria cobrar 100 dólares por cada!)

Levantamos cedo e após o café da manhã mergulhei novamente. Encontrei mais algumas conchas sob pedras e voltei logo para o barco para podermos navegar para outro lugar. Fomos a Mustique - uma pequena ilha particular onde a realeza e pessoas famosas passam suas férias (como Mick Jagger, Princess Margareth, David Bowie, Shania Twain, Kate Moss...). Como chegamos no fim da tarde eu não pude verificar o local antes do meu mergulho noturno, mas iria realizá-lo de qualquer forma. Tudo checado e pronto (mais tarde percebi que não foi bem assim...). Desci as escadas do veleiro e tentei submergir. Alguma coisa estava errada já que não conseguia afundar - será que havia perdido algum lastro de meu cinto? Forcei a descida e quando cheguei a 20 metros chequei o manômetro para ver se a garrafa estava ok: não, ela estava completamente vazia! Por isso não afundava, a garrafa sem ar flutua! Eu poderia respirar no máximo duas ou três vezes para subir antes que todo o ar acabasse, então comecei a nadar o mais rápido possível - soltando todo o ar para que meus pulmões não explodissem quando o mesmo expandisse na subida. O problema é que o ar acabou completamente quando eu ainda estava a uns 10 ou 15 metros! Aqueles segundos restantes pareciam não acabar nunca e eu já estava me sentindo meio tonto. Só não vi minha vida passar em frente aos meus olhos porque estava escuro lá em baixo... Pelo menos fiquei satisfeito de ter lembrado o que aprendi no curso de mergulho que fiz há vinte anos, não soltei o lastro nem prendi a respiração por mais que sentisse que precisava do ar. Sei que existe uma pequena linha que divide coragem da estupidez, acho que naquela noite eu passei para o outro lado. O pior é que não encontrei nenhum maledeto Conus lá em baixo! Ao chegar percebemos que a válvula daquela garrafa estava com defeito e deixou todo o ar escapar durante o dia.


ver apresentação »
Dormi feito uma pedra, apenas com uma leve dor de cabeça. Na manhã seguinte fui mergulhar novamente - após me certificar que não havia tido nenhum efeito colateral à parte da baba no travesseiro.
Mergulhei em baixo do barco e fui em direção ao recife que ficava próximo à praia. Encontrei algumas conchas e percebi que ali seria um bom local para mergulhar à tarde. Voltei para almoçar - nossa refeição de luxo, um sanduíche de atum, maionese, cebola e queijo ralado. Tirei uma soneca e mergulhei novamente. Encontrei mais algumas conchas como Cypraea cinerea, Lima lima, Conus jaspideus, Astraea tecta, Trivia pediculus e outras conchas pequenas.

Não havia esquecido de meu probleminha na noite anterior, mas tinha que mergulhar à noite novamente.
Desta vez me certifiquei que tudo estava certo e desci - só que não encontrei nada a não ser as Pyramidella dolabrata. Que poderia estar acontecendo? O local e a profundidade estavam corretos mas os Conus não estavam lá!

Voltamos para Bequia no dia seguinte e dragamos no caminho. O Tony ancorou próximo ao paredão assim eu poderia mergulhar diretamente do barco sem ter que me deslocar usando o bote. À tarde fui checar o local para meu mergulho noturno e encontrei algumas Marginellas a 24 metros. O problema em mergulhar fundo é o curto tempo que teria para procurar conchas, teria que ser rápido para cobrir uma área maior possível. Novamente, nada de Conus.

Eu iria voltar a Miami em dois dias então navegamos para St. Vincent. O local parecia bom e promissor. Um pouco mais profundo que os anteriores, mas a água estava morna e limpa. À tarde mergulhei e fui até 32 metros - finalmente encontrei um Conus cedonulli! Estava certo de que encontraria mais à noite - mas não achei nem um exemplar!

Então desisti dos mergulhos profundos e iria dedicar o restante do tempo em águas rasas, ao menos encontraria mais material. Desta vez o Tony me acompanhou e mergulhamos próximo à praia - adivinhe?
Encontramos vários Conus cedonulli! Infelizmente eu somente teria mais um dia para mergulhar ali e só puder encontrar alguns poucos no dia seguinte.

No dia de minha partida o Tony me levou à marina onde eu tomaria um táxi para o aeroporto.
Despedi-me pela última vez, e me lembrei de todas a viagens a bordo do Marina Em, foram dias maravilhosos não somente pelas conchas mas pela experiência que adquiri. Obrigado, Tony!

© Femorale 1999 / 2024 All rights reserved